domingo, 25 de maio de 2014

Anemia na mulher, na atleta e na cirurgia Bariátrica, como diagnosticar e tratar.








O ferro é um nutriente essencial ao organismo, associado à produção de glóbulos vermelhos e ao transporte de oxigênio dos pulmões para todas as células do corpo.

A anemia por deficiência de ferro, ou anemia ferropriva, é a mais comum de todas as anemias, independentemente do estrato socioeconômico do indivíduo.

Ela pode instalar-se por carência nutricional, parasitoses intestinais, ou durante a gravidez, o parto e a amamentação. Pode também ocorrer por perdas expressivas de sangue, em virtude de hemorragias agudas ou crônicas por via gastrintestinal ou como conseqüência de menstruações abundantes.

Constituem grupo de risco para a anemia ferropriva as mulheres em idade fértil, idosos, crianças e adolescentes em fase de crescimento, e indivíduos que passaram por cirurgia de redução de estômago. No entanto, qualquer pessoa pode desenvolvê-la, se não receber a quantidade adequada de ferro na dieta ou tiver dificuldade de absorção, que ocorre sobretudo nos intestinos e pode ser mais eficiente quando associada à ingestão de vitamina C e proteínas.

Os alimentos constituem as principais fontes de ferro e podem oferecer dois tipos diferentes desse nutriente: o ferro heme e o ferro não-heme. O primeiro, encontrado especialmente na carne vermelha e no fígado de todos os animais, assim como na carne das aves, peixes e nos ovos, é melhor aproveitado pelo organismo. A absorção do ferro não-heme, existente nas verduras de folhas escuras (espinafre, brócolis, couve, salsa, etc.), leguminosas (feijão, lentilhas, grão-de-bico, ervilhas, etc.); frutas (uvas, maçãs, nozes, amêndoas, castanhas, etc.) é menor e menos eficiente.

Diagnóstico

Levantamento da história, avaliação clínica e dos hábitos alimentares, além da realização de exames laboratoriais (hemograma, sangue oculto nas fezes, por exemplo) e da
imagem (ultrassom, endoscopia) para investigar a origem de possíveis perdas de sangue são passos importantes para estabelecer o diagnóstico.

Hemoglobina e Hematócrito: O valor baixo da hemoglobina e do hematócrito de uma pessoa diz que ela tem anemia, mas não pode elucidar qual tipo de anemia. 
• Hemograma completo: dirá se a anemia é microcítica (possui VCM abaixo do normal). 
• Ferro sérico: dosagens baixas de ferro podem indicar uma anemia ferropriva. O ferro também diminui em casos de doenças crônicas, neoplasias, entre outras. 
• Dosagem de transferrina: apresenta-se em quantidade aumentada na anemia ferropriva. 
• Ferritina: proteína achada principalmente no fígado, armazena íons de ferro. Quando não tem ferro armazenado, essa proteína é chamada apoferritina. Sua dosagem indica a quantidade de ferro armazenado. 
• TIBC: Capacidade de ligação de ferro total (TIBC) está aumentado para compensar a deficiência. 
• Aspirado de medula óssea: é muito invasivo para ser usado normamente por isso não é muito utilizado. Quando usado, avalia-se a presença de ferro usando-se corante especial para ferro, o corante azul da Prússia. Ao observar-se os macrófagos na medula, observa-se a presença de ferro. Utilizado para diagnóstico diferencial de anemia sideroblástica. .






Ferro e cirurgia bariatrica

A anemia pode afetar dois terços dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, sendo geralmente provocada pela de- ficiência de ferro. Em pacientes submetidos ao BGYR, tal deficiência varia entre 20%-49%32,37,40. Entre os pacientes superobesos a anemia é relatada entre 35%-74% e a defici- ência de ferro pode atingir 52% no pós-operatório tardio41. 

Em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, a quan- tidade de ingestão diária de ferro elementar (sulfato ferro- so ou fumarato ferroso) deve atingir 40 a 100 mg/d, embo- ra a eficácia do tratamento profilático a longo prazo seja desconhecida32. 

A quantidade de ferro elementar presente na maioria dos polivitamínicos comerciais geralmente é pequena (10 a 20 mg por comprimido), sendo considerada insuficiente para evitar a deficiência de ferro em pacientes submetidos ao BGYR. As recomendações atuais para a prevenção da deficiência de ferro incluem a administração de 40 a 65 mg de ferro elementar por dia (200 - 400 mg de sulfato de ferro). Nas mulheres em idade reprodutiva, as recomen- dações aumentam para 100 mg de ferro elementar por dia (400 a 800 mg de sulfato ferroso)10,35,42. Dessa forma, a história clínica de anemia, alterações nos valores labo- ratoriais, idade, sexo e considerações reprodutivas devem ser analisadas. 

TRATAMENTO

Já o tratamento da deficiência de ferro requer suplementação de até 300 mg/dia, geralmente três a quatro comprimidos contendo 50 a 65 mg de ferro elementar. Quando o tratamento oral falha, ou na presença de anemia severa, doses intravenosas de hidróxido de ferro-sacarose são necessárias (20 mg de ferro elementar por mL)43,44. 

Atualmente, os polivitamínicos disponíveis comer- cialmente, principalmente nos EUA, não possuem ferro em sua composição para que essa reposição seja realizada obrigatoriamente de forma isolada e em horários diferen- tes do dia. É importante considerar as características de absorção do diversos tipos de suplementação de ferro dis- poníveis no mercado: 

Fumarato ferroso: 33% de ferro elementar, geralmente bem tolerado pelos pacientes, e apresenta boa absorção do mineral. 

Sulfato ferroso: apenas 20% de ferro elementar e apresenta maiores efeitos gastrointestinais. 

Ferronil: 98% de ferro elementar, ferro elementar, com partículas bem reduzidas. 

O ideal é que o suplemento de ferro seja acompanha- do de vitamina C e de frutooligossacarídeos para prevenir a constipação, melhorar a flora intestinal e proporcionar melhor absorção do mineral. Outra consideração impor- tante relaciona-se à interação desse mineral com outros elementos, como o cálcio e o fitato45, por isso é importan- te sua suplementação de forma isolada e em jejum. Além disso, a deficiência de cobre pode provocar anemia, sendo recomendada por alguns autores a suplementação de 900 μg/d de cobre ou suplementação adicional de 50 a 200 μg/d, de acordo com a técnica cirúrgica utilizada36. 

O tempo de tratamento é determinado pelo médico mas nunca deve ser inferior a 90-120 dias pois este é o tempo necessário para completa substituição das hemácias circulantes no organismo.

Em estado avançado, a consulta médica é necessária, pois pode haver necessidade de uma transfusão de sangue.

Um comentário:

  1. No caso de hemoglobine e Hematocrito quase no limite tb é bom suplementar cm ferro?

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