terça-feira, 23 de setembro de 2014

Plástico e microondas: combinação perigosa




Desde o dia 1º de janeiro de 2012, está proibida a venda de mamadeiras ou outros utensílios para lactentes que contenham a substância Bisfenol-A (BPA). A determinação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e baseada em estudos que apontam possíveis riscos decorrentes da exposição ao BPA. 

O Bisfenol A (BPA) é um composto utilizado na fabricação de policarbonato, um tipo de resina usada na produção da maioria dos plásticos. O BPA também está presente na resina epóxi, utilizada na fabricação de revestimento interno de latas que acondicionam alimentos para evitar a ferrugem e prevenir a contaminação externa. Segundo os pesquisadores, o componente tem similaridade com o hormônio feminino e da tireoide.

Estudos sugerem que, ao entrar em contato com o organismo humano, principalmente durante a vida intrauterina, a substância pode afetar o sistema endócrino, aumentando ou diminuindo a ação de hormônios naturalmente produzidos pelo corpo humano, trazendo danos à saúde, como infertilidade, modificações do desenvolvimento de órgãos sexuais internos, endometriose e câncer.

O bisfenol A é um composto químico que se comporta no organismo como o hormônio estrogênio. A ingestão da substância pode provocar puberdade precoce e infertilidade, além de aumentar a incidência de câncer de ovário e endométrio.

Composto também está presente no revestimento de latas de alimentos 

União Europeia e países como China e Estados Unidos já tomaram medidas para restringir o uso do bisfenol A. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o BPA pode ser encontrado em embalagens e potes plásticas e também na resina epóxi que reveste latas de alimentos, com o objetivo de prevenir a ferrugem.

Há estudos em ratos comprovaram que “quanto mais cedo acontecer a exposição ao bisfenol A, maiores as chances de manifestação dos efeitos”. Apesar do parecer da Anvisa proibir apenas objetos plásticos que entram em contato com bebês, a médica recomenda que adultos também evitem exposição ao composto: “ O bisfenol A é perigoso em qualquer faixa etária. Em mulheres, a substância causa instabilidade na ovulação e aumenta a incidência de câncer de endométrio e ovário. Homens podem ter a produção de espermatozoides afetada, causando problemas de fertilidade. Gestantes também devem ter muito cuidado, já que o bisfenol A atravessa a placenta, afetando o sistema endócrino do bebê”.




Potes plásticos não devem ser aquecidos 


O bisfenol A é um composto instável, o que favorece a contaminação de alimentos acondicionados em embalagens compostas por policarbonato: “Potes plásticos aquecidos no microondas ou levados ao congelador liberam a substância nos alimentos”. Ela explica que já existem embalagens livres do composto, indicação que costuma constar no rótulo do produto.



Saiba como evitar a exposição ao BPA

1. Use mamadeiras e utensílios de vidro ou BPA free para os bebês;

2. Jamais esquente no microondas bebidas e alimentos acondicionados no plástico. O bisfenol A é liberado em maiores quantidades quando o plástico é aquecido;

3. Evite levar ao freezer alimentos e bebidas acondicionadas no plástico. A liberação do composto também é mais intenso quando há um resfriamento do plástico;

4. Evite o consumo de alimentos e bebidas enlatadas, pois o bisfenol é utilizado como resina epóxi no revestimento interno das latas;

5. Evite pratos, copos e outros utensílios de plástico. Opte pelo vidro, porcelana e aço inoxidável na hora de armazenar bebidas e alimentos;

6. Descarte utensílios de plástico lascados ou arranhados. Evite lavá-los com detergentes fortes ou colocá-los na máquina de lavar louças;

7. Caso utilize embalagens plásticas para acondicionar alimentos ou bebidas, evite aquelas que tenham os símbolos de reciclagem com os números 3 e 7 no seu interior e na parte posterior das embalagem. Eles indicam que a embalagem contem ou pode conter o BPA na sua composição.




Outro Perigo: Dioxina



Diferentemente do que ocorre muitas vezes nesse tipo de mensagem, nesse caso, o risco é real e concreto. O Instituto Nacional do Câncer, através de sua Coordenação de Prevenção e Vigilância do Câncer, emitiu em março passado uma nota técnica sobre a dioxina, em que confirma não só a toxicidade da substância, mas também admite seu potencial carcinogênico.

Explica a nota que “a dioxina é um composto orgânico incolor e inodoro. É um subproduto espontâneo resultante de fenômenos e desastres naturais como a atividade vulcânica e os incêndios florestais, assim como da atividade do homem (indústria de plásticos, incineração, branqueador de papel e escapamento de gases de automóvel). A dioxina se encontra em todas as áreas onde haja atividade industrial, tanto no solo, na água e no ar, como nos alimentos – até mesmo no leite materno. Em geral, o risco de contato por inalação e contato epidérmico é baixo”.

No aspecto alimentar, o Inca explica que “a dioxina detectada na terra, em sedimentos e suspensa na água será absorvida pelas plantas e subsequentemente ingerida por animais e armazenada no tecido adiposo deles. O consumo de tecidos animais e vegetais (incluindo as verduras) é o modo de entrada da dioxina no corpo humano”.

Outro modo dos seres humanos terminarem a ingerindo é justamente pelo aquecimento de plásticos contendo alimentos, o que ocorre rotineiramente no uso do micro-ondas.

A dioxina é um subproduto gerado no processo de fabricação do plástico e que, a princípio, nem a indústria teria como aferir a qualidade da matéria-prima quanto a essa contaminação. Isso porque, no Brasil, apenas um laboratório, da Petrobras, tem aparato técnico nesse sentido.

Assim, qualquer plástico pode conter dioxina, desde brinquedos a garrafas PET. Porém, em condições normais de temperatura, o composto não é liberado. Visto que não há como ter segurança quanto à presença ou não da dioxina num plástico específico, vale o princípio da precaução. Ou seja, o recomendável é que nunca se aqueça alimentos no micro-ondas em recipientes desse material. O melhor é transferir a comida para vasilhas de vidro (temperado) que suporte o calor. Essa cautela se aplica também para as bandejas de espuma em que são acondicionadas lasanhas e outras massas, por exemplo.

Tal cuidado é simples e pode evitar danos sérios à saúde. Segundo a nota técnica do Inca, a dioxina se acumula no tecido gorduroso de animais e todos os estudos realizados com eles têm revelado o potencial cancerígeno do composto, mesmo em baixas doses.

“É uma substância com efeito cumulativo e residual a longo prazo. O tempo de meia vida é de, em média, 7 anos”, diz o alerta, informando ainda que alguns estudos têm relacionado a exposição a dioxinas com problemas reprodutivos e deficiências do sistema imunológico.

Outra advertência

Mas em relação ao filme plástico, tão utilizado para embalar alimentos? O uso também implica em riscos, embora a via de contaminação seja diferente. O problema, é que os compostos tóxicos presentes no plástico – principalmente os clorados – são solúveis em gorduras e isso faz com que sejam atraídos por elas.

Na prática, um sanduíche com manteiga ou requeijão, por exemplo, pode ser contaminado por esses compostos e, de novo, o melhor é aplicar o princípio da precaução.

A mãe que envia o lanche do filho para a escola pode lançar mão do papel alumínio, que não apresenta esse problema. Mas, o ideal mesmo seria a retomada de hábitos antigos, como acondicionar o sanduíche ou a fruta em um pano de prato, num saquinho de papel ou – para os mais adeptos da modernidade – num pedaço de papel toalha.

Melhores opções





O vidro é considerado como o material de maior inércia química para contacto alimentar. Os principais com- postos extraídos por soluções aquosas são a sílica e óxido de sódio, que não têm efeitos significativos nas características organolépticas dos alimentos. A contaminação por chumbo ou por cádmio é extremamente difícil de ocorrer, uma vez que estes metais raramente entram na composição de vidro para contacto ali- mentar. Contudo, bebidas alcoólicas em garrafas de cristal, nomeadamente licores e vinho do Porto, podem adquirir teores em chumbo elevados após tempos de contacto relativamente curtos.

O chumbo e o cádmio estão presentes nos recipientes cerâmicos. Actualmente a regulamentação europeia, impõe valores limite de migração de chumbo e cádmio em recipientes de 0.4 mg/L e 0.3 mg/L, respectivamente.





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