sábado, 4 de outubro de 2014

Quem transformou o açúcar em vilão? Quem ganha com isso? - Açúcar: a Droga do Século?




Uma delícia, um momento de prazer, lembranças do tempo da vovó, é assim que nos deparamos ao lembrar daquele nosso doce favorito, daquele momento da sobremesa em família num pelo domingo ou simplesmente de uma fatia de bolo em uma semana estressante do trabalho. É desta forma que nos relacionamos ao açúcar, muitas vezes como forma de suprir nossa "ansiedade" ou um momento de relaxamento. Mas acredito baseado em diversos novos estudos que essa prática tem saído do controle e a indústria de alimentos tem aproveitado disto para explorar e ganhar dinheiro em cima de nossa saúde.
Seria demais comparar o tabaco ao açúcar? Seria exagero afirmar que o açúcar deve ser tratado com questão de saúde pública e tratá-lo como droga?

Nos últimos cinquenta anos, o consumo do açúcar triplicou. Com estes dados assustadores, pesquisadores da saúde defendem que o uso do alimento deve ser regulado, assim como o cigarro e o álcool, conter taxação de produtos industrializados açucarados, limitar a venda nas escolas e definir uma idade mínima para a compra de refrigerantes.

Pode parecer radical, mas com o alto índice de causador de doenças graves, esta medida indica um caminho para que se inicie uma consciência quanto ao uso do açúcar.

Como sempre nossos hábitos alimentares são incentivados ao exagero pelo marketing maciço (dando lucro as empresas) e as empresas carregando os alimentos com mais aditivos com a intenção de diminuir a saciedade e gerar um efeito rebote que nos faça consumir mais e mais.

Do ponto de vista exclusivo do funcionamento metabólico humano, é inteiramente desnecessário o açúcar que se adiciona a alimentos e bebidas, sucos, bolos, balas, doces, pudins, chocolates e a uma infinidade de produtos que nem desconfiamos conter açúcar, como cerveja e massa de tomate. Como tudo o que é desnecessário ao metabolismo, o açúcar em excesso faz mal à saúde


Uma dieta saudável para a circulação não só deve ser moderada em sódio, o que eleva a pressão sanguínea, mas também em doces, de acordo com as últimas recomendações da Associação do Coração dos Estados Unidos, que aconselha reduzir o consumo de açúcar porque muita gente supera os 25 gramas diários aconselhados para a mulher e os 37,5 recomendados ao homem.


O açúcar e sua "íntima" relação com a Obesidade.

A obesidade tem raízes múltiplas. O hábito de comer fora, a popularização das lanchonetes de fast-food, a invenção do freezer e do forno de micro-ondas, o estilo de vida sedentário, a super oferta de alimentos a preços acessíveis, tudo isso contribui para a obesidade. 


O maior veículo de Açúcar: o refrigerante!
Apesar de todos esses fatores, o açúcar tem papel central na pandemia de obesidade, e o refrigerante é seu veículo mais popular, particularmente nos EUA. A América é a pátria da Coca-Cola, o único país do mundo cuja imagem é associada a um refrigerante. A Coca-Cola é o símbolo do sucesso americano. Ideologizada, sua marca representa o triunfo do capitalismo e, para os velhos comunistas italianos, nada mais era do que l’acqua nera dell’ imperialismo. Os americanos bebem 56 bilhões de litros de refrigerante por ano, quatro vezes o consumo brasileiro. Como um sinal dos tempos, o consumo de bebidas açucaradas cai, enquanto a venda de refrigerantes diet cresce, em média, 3% ao ano – desempenho sem precedentes na indústria. Mas, de todo modo, os americanos são grandes devoradores de açúcar. Do açúcar de cana, consomem 9,6 milhões de toneladas por ano. E ainda devoram outro tanto do açúcar conhecido pela sigla HFCS, um xarope de milho com alto poder edulcorante que é mais rapidamente absorvido pelo organismo humano do que o açúcar de cana refinado.


"Pela primeira vez fazemos recomendações específicas sobre a quantidade desta substância que pode ser consumida, porque não só torna as pessoas mais obesas, mas é culpado de diabetes, tensão arterial elevada, doenças coronárias e ataques cardíacos", assinalou a médica Rachel Jonsson, autora da pesquisa em que se baseiam as novas recomendações da AHA.

Americano obeso corre o risco de virar pleonasmo. Eles estão por toda parte. Andam encostados às paredes para descansar a cada dez passos. Usam bengala, cadeira de rodas. Nos hospitais, há mesas de cirurgia especiais para recebê-los. Há fábricas de caixões reforçados para defuntos muito obesos. Os militares dizem que 25% dos jovens são pesados demais para se alistar. Teme-se que, pela primeira vez desde a guerra civil (1861-1865), a expectativa de vida caia devido às mortes por obesidade. A estatística é tenebrosa: 34,3% dos americanos com 20 anos ou mais estão obesos. Entre as crianças de 6 a 11 anos, que bebem hoje mais refrigerante do que leite, a incidência chega a 17%. No Brasil, a situação é menos grave, mas preocupa


O Porque do "açúcar líquido" ser o mais prejudicial.

O refrigerante não virou o alvo número 1 do cerco ao açúcar apenas por causa do alto consumo. Há pesquisas mostrando que a ingestão de caloria em forma líquida pode ser mais prejudicial à saúde que a de caloria de alimentos sólidos. Por motivos ainda desconhecidos, a caloria em forma líquida dribla o radar do apetite humano e retarda a sensação de saciedade, o que nos leva a comer mais, e engordar. Com a caloria em forma sólida ocorre o contrário. Sempre que passa pela catraca, o apetite registra seu ingresso, reduzindo a quantidade do que precisamos comer para nos sentir satisfeitos. Tal como fez a turma do tabaco há meio século, os fabricantes de refrigerantes contestam essas informações científicas e usam suas próprias pesquisas. Susan Neely, presidente da American Beverage Association, que reúne as indústrias, já disse inclusive que não há prova de que o refrigerante cause obesidade. Como a venda tem caído e a obesidade não, isso é um sinal, diz ela, de que uma coisa não decorre da outra (como se fosse possível a obesidade oscilar no gráfico das vendas do atacado e do varejo). O professor David Ludwig, de Harvard, foi direto ao ponto. Examinou 111 artigos científicos. Descobriu que, dos estudos sem patrocínio da indústria de refrigerante, quase 40% apresentam conclusões contrárias aos interesses dos fabricantes. Dos artigos financiados pela indústria, todos – todos! – trouxeram conclusões que lhe são favoráveis.

Num estudo americano, a batata frita do McDonald’s é um indicador!! Em 1960, cada porção tinha 200 calorias. Essa quantidade subiu para 320, 450, 540 e está em 610! Há estudos teorizando que o americano associa o tamanho das porções ao poder, à masculinidade. Assim, o jovem se sentiria mais macho ao entrar no cinema carregando não um saco, mas um balde de pipoca. Pode ser. Faz sucesso no país do Tio Sam um lanche que se chama Del Taco Macho Meal. Pesa quase 2 quilos.




“Se eu tivesse de escolher um único fator causador – o maior responsável – pela epidemia de obesidade que se espalhou pelos países ocidentalizados, este seria o consumo excessivo de açúcar refinado.” Dr. Robert Atkins

“Depois de 20 anos de pesquisas, concluí que o envelhecimento se deve a inflamações causadas por substâncias tóxicas. O açúcar é um dos grandes vilões nesse processo.” Dr. Nicholas Perricone, dermatologista que criou o DMAE, substância que revolucionou os cremes de beleza.



Na dose certa, é meiguice, suavidade, brandura. Com um grão de ousadia, é dengo e sedução. No exagero, é enjoo, tédio. O açúcar, sendo doce e amargo, é uma bela metáfora do próprio brasileiro, que funde em si mesmo, com desembaraço intrigante, o homem cordial e o homem violento. Que o açúcar tenha o destino que tiver de ter para que a humanidade seja saudável e feliz. Se um dia desaparecer da mesa, os brasileiros pelo menos terão o consolo de lembrar dele na doce, sensual e úmida definição do poeta Ferreira Gullar.



Saúde é moderação!!














fonte:

André Petry - revista VEJA

Paul van der Velpen, chefe do serviço de saúde de Amsterdã, na Holanda

Nenhum comentário:

Postar um comentário