terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lesão muscular na corrida de Rua - o que fazer?




As lesões musculares são a causa mais frequente de incapacidade física na prática esportiva. Estima-se que 
30 a 50% de todas as lesões associadas ao esporte são causadas por lesões de tecidos moles.
Apesar de o tratamento não cirúrgico resultar em bom prognóstico na maioria dos atletas com lesão muscular, as consequências da falha do tratamento podem ser dramáticas, postergando o retorno à atividade física por semanas ou até mesmo meses.

Mecanismos de lesão
As lesões musculares podem ser causadas por contusões, estiramentos ou lacerações. Mais de 90% de 
todas as lesões relacionadas ao esporte são contusões ou estiramento(3). Já as lacerações musculares são as lesões menos frequentes no esporte.
A força tênsil exercida sobre o músculo leva a um excessivo estiramento das miofibrilas e, consequentemente, a uma ruptura próxima à junção miotendínea. Os estiramentos musculares são tipicamente observados nos músculos superficiais que trabalham cruzando duas articulações, como os músculos reto femoral, semitendíneo e gastrocnêmio.

O que distingue a cicatrização da lesão muscular da cicatrização óssea é que no músculo ocorre um processo de reparo, enquanto que no tecido ósseo ocorre um processo de regeneração.
A cicatrização do músculo esquelético segue uma ordem constante, sem alterações importantes conforme 
a causa (contusão, estiramento ou laceração). 
Três fases foram identificadas neste processo: destruição, reparo e remodelação. As duas últimas fases 
(reparo e remodelação) se sobrepõem e estão intimamente relacionadas.
Fase 1: destruição – caracterizada pela ruptura e posterior necrose das miofibrilas, pela formação do hematoma no espaço formado entre o músculo roto e pela proliferação de células inflamatórias.
Fase 2: reparo e remodelação – consiste na fagocitose do tecido necrótico, na regeneração das miofibrilas e na produção concomitante do tecido cicatricial conectivo, assim como a neoformação vascular e crescimento neural
Fase 3: remodelação – período de maturação das miofibrilas regeneradas, de contração e de reorganização 
do tecido cicatricial e da recuperação da capacidade funcional muscular.

O diagnóstico da lesão muscular inicia-se com uma história clínica detalhada do trauma, seguida por um 
exame físico com a inspeção e palpação dos músculos envolvidos, assim como os testes de função com e sem resistência externa(11). O diagnóstico é fácil quando uma típica história de contusão muscular é acompanhada por um evidente edema ou uma equimose distal à lesão.

O tratamento imediato para a lesão do músculo esquelético ou qualquer tecido de partes moles é conhecido como princípio PRICE (Proteção, Repouso, Gelo ou Ice, Compressão e Elevação). A justificativa do uso do princípio PRICE é por ele ser muito prático, visto que as cinco medidas clamam por minimizar o sangramento do sítio da lesão
Medicação
Existem poucos estudos controlados utilizando antiinflamatórios não hormonais (AINH) ou glicocorticoides no tratamento de lesões musculares em humanos. O’Grady et al reportaram que o uso de anti-inflamató-
rios no tratamento da necrose in situ, o tipo mais leve de lesão muscular, em curto prazo, resulta em uma melhora transitória na recuperação da lesão muscular induzida pelo exercício(16). Apesar do fato da falta de evidência, os efeitos do AINH têm sido bem documentados. Järvinen defendeu que o uso em curto período na fase precoce da recuperação diminuiu a reação inflamatória celular sem efeitos colaterais no processo de cicatrização, na força tênsil ou na habilidade de contração muscular.
Além disso, os AINH não retardam as habilidades ativadas pelas células satélites em se proliferar ou a 
formação dos miotúbulos(17). Contudo, o uso crônico parece ser prejudicial no modelo de contração excêntrica nas lesões por estiramento como discutido por Mishra et al.
.
Com relação ao uso de glicocorticoides, foram reportados atrasos na eliminação do hematoma e tecido 
necrótico, retardo no processo de regeneração e redução da força biomecânica do músculo lesionado.

Tratamento pós-fase aguda
1. Treinamento isométrico (ie. contração muscular em que o comprimento do músculo se mantém constante e a tensão muda) pode ser iniciado sem o uso de pesos e posteriormente com o acréscimo deles. Especial atenção deve ser tomada para garantir que todos os exercícios isométricos sejam realizados sem dor.
2. Treinamento isotônico (ie. contração muscular em que o tamanho do músculo muda e a tensão se mantém) pode ser iniciado quando o treino isométrico for realizado sem dor com cargas resistidas.
3. O exercício isocinético com carga mínima pode ser iniciado uma vez que os dois exercícios anteriores sejam realizados sem dor.
A aplicação local de calor ou “terapia de contraste” (quente e frio) pode ser de valor, acompanhado de 
cuidadoso alongamento passivo e ativo do músculo afetado. Ressalta-se que qualquer atividade de
reabilitação deve ser iniciada com o aquecimento adequado do músculo lesionado.
.
Outra razão para o alongamento é distender o tecido cicatricial maduro durante a fase em que ele ainda é 
plástico. Alongamentos da cicatriz sem dor podem ser adquiridos por estiramentos graduais, começando com turnos de 10 a 15 segundos e, então, progredindo para períodos de até um minuto.
Contudo, se os sintomas causados pela lesão não melhorarem entre três e cinco dias após o trauma, deve-se considerar a possibilidade da existência de um hematoma intramuscular ou um tecido lesionado extenso que necessitará de atenção especial. A punção ou aspiração do hematoma pode ser necessária



fonte: ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO

LESÃO MUSCULAR – FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO,
TRATAMENTO E APRESENTAÇÃO CLÍNICA
MUSCLE INJURY – PHYSIOPATHOLOGY, DIAGNOSTIC,
TREATMENT AND CLINICAL PRESENTATION
Tiago Lazzaretti Fernandes1
, André Pedrinelli2
, Arnaldo José Hernandez

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