quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Crioterapia - O USO DA CRIOTERAPIA NAS LESÕES AGUDAS DE TECIDO MOLE


A crioterapia é uma modalidade terapêutica freqüentemente utili- zada no tratamento de lesões musculoesqueléticas agudas(1-6). Traumas moderados e graves nos tecidos moles estão presentes na maior parte das lesões causadas por esportes recreacionais e competitivos(7-8). O tecido muscular esquelético é o mais afetado nesses tipos de traumas e a maior incidência de lesões musculares em humanos é decorrente, principalmente, de contusões produzidas por mecanismo de impacto(9).


Durante as primeiras 72 horas, após a lesão, vão predominar alterações vasculares, surge, então, um exsudato de células e soluto dos vasos sangüíneos, ocorrendo, assim, uma formação de coágulos. Nesse período, inicia-se a neutralização dos irritantes químicos liberados após a lesão através da diapedese dos leucócitos e fagocitose, que vai remover os tecidos mortos e respectivamente ocorre atividade fibroblástica, dando início a formação de novos tecidos e leitos capilares. 

A lesão muscular é caracterizada por uma série de fatores, tais como desorganização das miofibrilas, ruptura de mitocôndria e retículo sar- coplasmático, interrupção da continuidade do sarcolema, autodigestão e necrose celular(10-11), além de disfunção microvascular progressiva e inflamação local(6).
Apesar de o insulto primário não poder ser influenciado terapeu- ticamente, o crescimento secundário da lesão pode ser amenizado com certas intervenções, tais como frio local(2), imobilização tempo Rev Bras Med Esporte – Vol. 14, No 4 – Jul/Ago, 2008
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rária, administração de drogas analgésicas e antiinflamatórias(8,12). 

Há evidências de que a crioterapia produz efeitos analgésicos e promove a restauração estrutural e funcional, o que favorece o processo de rea- bilitação(2). Dessa forma, a crioterapia local pode facilitar a recuperação de tais lesões, sendo que a vasoconstrição induzida pelo frio reduz a formação de edemas(5), bem como a intensidade do dano celular local, por meio da redução do quadro hemorrágico(4) e das demandas metabólicas no tecido lesado(1).
Embora freqüentemente utilizada em programas de fisiotera- pia(13), os efeitos da crioterapia no tratamento de lesões musculares agudas não estão totalmente elucidados(14). Análises referentes ao estudo das propriedades mecânicas musculares são relevantes, pois os músculos esqueléticos são dotados de propriedades que influen- ciam seu comportamento frente à imposição de cargas, o que pode determinar a ocorrência ou agravamento de uma lesão(15). Sendo assim, o conhecimento das características de resistência de alguns materiais é importante na medicina ortopédica e esportiva, pois os materiais biológicos, tais como músculo, osso, tendão e cartilagem, muitas vezes, necessitam de otimização de suas resistências para evi- tar rupturas(16).

A crioterapia é amplamente utilizada por atletas profissionais e amadores no tratamento agudo de lesões musculares. Este trabalho teve como objetivo analisar as propriedades mecânicas do músculo gastrocnêmio lesionado por impacto direto e tratado com crioterapia. Para tanto, foram utilizadas 24 ratas Wistar, divididas em três grupos experimentais: grupo controle (C): animais mantidos em gaiolas-padrão por seis dias; grupo lesionado (L): animais submetidos à lesão por mecanismo de impacto no gastrocnêmio, sem tratamento e mantidos em gaiolas-padrão por seis dias; grupo lesionado e tratado com crioterapia (LC): animais submetidos à lesão, tratados com uma sessão de crioterapia, imediatamente após a lesão e mantidos em gaiolas-padrão por seis dias. Após essas etapas, os animais foram submetidos à eutanásia para que fossem realizados os ensaios mecânicos de tração dos músculos gastrocnêmios direitos, na máquina universal de ensaios (EMIC®). A partir dos gráficos carga versus alongamento de cada ensaio, foram calculadas as seguintes propriedades mecânicas: carga no limite máximo (CLM), alongamento no limite máximo (ALM) e rigidez (R). No ALM, o grupo C apresentou diferença estatística (p < 0,05) somente quando comparado com o L. Quando analisadas carga máxima e rigidez, houve diferença estatística (p < 0,05) nos três grupos. Assim, enquanto os músculos lesionados sem tratamento apresentaram diminuição de todas as propriedades mecânicas analisadas, os tratados com crioterapia mostraram melhora das propriedades, porém, sem alcançar o grupo controle. Dessa forma, podemos concluir que a sessão de crioterapia por imersão imediata após a lesão promoveu melhora das propriedades mecânicas analisadas.


Para tanto, a técnica de crioterapia foi executada por meio de imersão completa do membro pélvico lesionado em água, com temperatura média de seis graus Celsius, por 30 minutos .

As técnicas de aplicação da Crioterapia são: Imersão em água gelada com cubos de gelos, panquecas de gelo, compressa de gelo e criogel, jatos ou neve carbônica.


Durante o tratamento da crioterapia deve-se tomar alguns cuidados, a seguir declinados: pacientes com Doença de Raynaud ou doença vasoespástica; hipersensibilidade ao frio; distúrbios cardíacos; comprometimento da circulação local; ter cuidado as aplicações não passar de 50 minutos para não produzir ulcerações; não aplicar em pacientes paralisados ou em coma, pois vão ter perda da sensibilidade. (Rodrigues,1998) 

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