sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Uma das maiores histórias que já li e tenho o prazer de ter esse mito como amigo pessoal






Roberto Itimura, de 51 anos, que pesava 117kg e fumava, supera o trauma com bomba de festa junina na infância e dedica mais tempo aos exercícios

Minha História Roberto Itimura Eu Atleta (Foto: Arquivo Pessoal)Roberto, antes da cirurgia (esq.) e após uma corrida este ano (Arquivo Pessoal)
"Meu nome é Roberto Itimura, tenho 51 anos, trabalho como programador de manutenção e coordenador de materiais em uma empresa multinacional, casado e pai de três filhas que, juntamente com a minha esposa, são as razões da minha vida. Tenho deficiência na mão direita devido a um erro de juventude, tive os dedos dilacerados por uma bomba de festa junina no ano de 1977. Eu fiquei entre a vida e a morte, devido ao alto nível de enxofre na corrente sanguínea. Em 1984, já casado e pai recente da minha primeira filha, tive meningite, por sorte não houve sequelas. 
Entre tantos abusos ao corpo, fui fumante e cheguei a pesar 117kg, até que resolvi emagrecer e buscar uma vida mais saudável, porém tive que passar por mais uma das provações. Em 2004, eu passei por uma cirurgia cardíaca, necessitando colocar cinco safenas. Depois, com complicações na cirurgia, fui submetido a uma angioplastia, coloquei stent em uma das safenas e perdi outras duas. 
Tenho uma doença cardíaca grave e progressiva, diagnosticada pelo meu cardiologista. Após a colocação do stent, sofri mais três infartos, sendo duas entre os anos de 2006 e 2008. Com novo diagnóstico, o cardiologista disse que tenho 65% do coração em funcionamento. Com a probabilidade de ir para fila de transplante de coração, ele me receitou um tratamento à base de medicamentos e atividade física, como uma das alternativas para prolongar a minha vida.
DECIDI MUDAR QUANDO
Com base nesta nova alternativa recomendada pelo meu cardiologista, comecei a frequentar a academia da empresa em que trabalho. A recomendação era para tomar as medicações nos horários estabelecidos, com atividade de caminhada. Assim, comecei a caminhar na esteira e, nos finais de semana, frequentava o parque da cidade de Jundiaí, ideal para fazer caminhadas matinais. 
Roberto Itimura eu atleta minha história (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)
Nesta época, refleti sobre a tese do meu médico: se a caminhada levava o meu organismo a criar novas artérias, logo imaginei que poderia acelerar esse processo de criação de novas artérias e ter um coração mais forte. Comecei a correr na esteira e no parque. Sabemos que é muito difícil começar a correr, principalmente para quem tem uma deficiência no coração. Mas como minha querida esposa sempre disse, "bicho teimoso", não me contentava apenas em caminhar. Ou seja, as corridas começavam a fazer parte da minha vida.

Um grande amigo e professor da academia, o João Eduardo, me incentivou a fazer a primeira prova de rua. Com muitas dúvidas e ansiedade, acabei me inscrevendo em uma tradicional e famosa corrida na cidade de Santos, em 2008. Se não bastasse estrear numa corrida de rua, eu tinha que pular a etapa e começar já nos 10km. Para minha alegria, fui muito bem, fazendo o percurso em 1h00m06s. 
Voltaria a correr em 2009, na cidade de São Paulo, na corrida promovida por um shopping que é situado na Marginal Pinheiros. Era a minha segunda prova de 10km, mas já não era só um novato, pois tinha corrido antes e havia tido um tempo muito bom para um cardíaco. 
Com a cara e a coragem fui para minha segunda prova, mas cometi um grande erro. Para não perder tempo e manter o corpo mais leve, eu evitei de tomar água nos postos colocados pela organização, e isso causou um sobreaquecimento no meu corpo, fazendo com o sangue ficasse mais denso e dificultasse a oxigenação. Fui parar na UTI, inconsciente, com o meu terceiro infarto.
ENCONTREI APOIO ATRAVÉS DE
Com tantos problemas, no leito da UTI, começava a acreditar que tinha encerrado a minha curta vida de corredor. A minha esposa buscava esta confirmação nas palavras do médico, para que eu nunca mais voltasse a correr. O tempo da resposta do médico parecia uma eternidade. Os segundos pareciam horas e a ansiedade tomava conta dos nossos corpos.
A resposta foi uma surpresa. Atualmente, ele é meu amigo e o médico cardiologista que me
dá aval para todas as minhas loucuras! Hoje tenho 103 corridas realizadas oficialmente, mais de 1.300km percorridos, e 16 meias maratonas completadas. Todas estas conquistas devo e agradeço à minha esposa Cristina, que tem me apoiado nas minhas loucuras, além das minhas filhas e do meu médico, o Dr. Ricardo.
MEU GRANDE DESAFIO
Passei por momentos difíceis também. Não basta somente gostar de correr, mas os treinos tinham que fazer parte deste sacrifício, e alguns problemas profissionais e pessoais acabavam interferindo, levando até ao ponto de me fazer pensar em desistir. Dentre este problemas, tive no começo do ano passado muitas dores nas costas. Fui fazer uma consulta com o ortopedista e o resultado do exame constatou que existiam três 'bicos de papagaio' na coluna, e que isso poderia me tirar das corridas de rua. Não me deixei abater, com muito exercício de isometria, muita fé e apoio da família, continuo com as corridas. 
Tenho sempre na mente que 'as dores são passageiras, as emoções são eternas'.
Com este pensamento, fui informar uma nova notícia à minha família, de que iria realizar
mais um grande sonho. Aliás, o sonho de todos os corredores de rua: encarar os 42km de uma maratona. Seria um feito histórico e uma das maiores realizações da minha vida. Neste ano, consegui completar a Maratona de Buenos Aires.
Por causa do meu problema cardíaco, faço exames anuais. Neste ano, eu constatei que as
condições do meu coração tinham caído de 65% para 56%, mas a corrida faz parte da minha
vida. Sei que todos um dia vão partir desta terra. Se for o meu destino, que seja correndo, ou
pelo menos correr até onde este meu coração permitir.
Os amantes das corridas de rua vivem desafiando os seus limites. E, como amante desta
modalidade, acabei de encarar um novo desafio. Como o próprio nome, estou inscrito na minha mais nova loucura: participar do Desafio do Pateta, na Disney, em janeiro de 2013.
APRENDI E QUERO COMPARTILHAR

Roberto Itimura eu atleta minha história (Foto: Arquivo Pessoal)Roberto participa de Corrida da Gentileza neste ano (Foto: Arquivo Pessoal)
Tive trauma na minha infância, quando sofri acidente e perdi parte dos membros da minha mão direita. Nesta época, acabei me isolando do mundo e achando que pertencia ao mundo dos anormais. Levei anos para entender o que é ser normal. Normal é ser você mesmo e viver a vida. Hoje, com todas estas loucuras realizadas, correr e buscar o tempo recorde não fazem parte da minha vida. Correr é conviver entre amigos, sem distinção de raça, credo, nível social ou profissional.

Descobri nestes últimos anos que uma das minhas missões é levar a consciência aos pais e amigos de pessoas portadoras de necessidades especiais a conhecerem o mundo maravilhoso das corridas de rua. Trazer estas crianças, adolescentes e adultos que estão dentro das casas, enclausuradas no seu trauma, ou no trauma dos pais, a vir conhecer o outro lado da vida.
Tenho realizado o meu sonho através de doações de cadeiras de rodas especiais para
estas pessoas e entidades que cuidam dos PNEs, com a ajuda dos meus amigos. Praticar atividade física é essencial para uma qualidade de vida mais saudável. As caminhadas e corridas têm crescido nestes últimos anos e é muito gratificante saber que as pessoas estão se importando mais com a saúde. 
A saúde é a essência do nosso corpo. Com esta vivência, gostaria de compartilhar que nunca devemos desistir, seja qual a razão, mas sempre buscar a vida saudável. Os milagres acontecem e nada é por acaso. Acredite, busque, lute, ande, caminhe, corra, rasteje, mas jamais desista! Corra sempre pela vida e pela saúde".  

Um comentário:

  1. Obrigado meu amigo Paulo Brasil, pelo carinho e pela amizade. Tenho certeza de que estamos construindo um futuro melhor, quando incentivamos todos a praticar atividades físicas.
    Correr faz parte, encontrar com os amigos nas corridas é gratificante, mas confraternizar com amigos é pura magia.
    Um grande abraço.

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